
Plantio mecanizado versus mão de obra
O setor do agronegócio vem passando por mudanças significativas em sua estrutura de produção, e uma dessas transformações é a mecanização. Esse processo visa não apenas substituir a mão de obra, mas também otimizar o tempo, melhorar os rendimentos e possibilitar o levantamento de dados.
Embora seja um avanço importante para o setor, na cultura da cana-de-açúcar, a inovação ocorre de forma mais lenta em comparação com outras culturas, como as de grãos. Além disso, a disponibilidade de mão de obra é um fator crucial para a implementação da mecanização.
Em entrevista à Revista Opiniões, o Gerente de Operações da TT do Brasil, Merquisson Sanches, afirma que “uma frase que já ouvimos bastante no meio é que ‘a mecanização na cana é um caminho sem volta’”. Ele acrescenta que o avanço na utilização de tecnologias, como máquinas, implementos e softwares, tem auxiliado no desenvolvimento de equipamentos que substituem a mão de obra tradicional.
Merquisson observa que em várias regiões do Brasil, como Centro-Oeste, Centro e Nordeste, há um problema comum: a dificuldade em ampliar o número de funcionários ou repor os que se aposentam. Ele também menciona que “em uma conversa com uma usina da Guatemala, por exemplo, dias atrás, citou-se que o problema imigratório é gigante, além das dificuldades com a legislação local”.
Para alcançar a produção final da cana, é necessário considerar quatro etapas principais: preparo do solo, plantio, tratos culturais e colheita. Destas, três já possuem algum nível de mecanização, seja ela completa ou parcial. A qualificação dos profissionais também influencia no crescimento da mecanização. Segundo Merquisson Sanches, “devem estar sempre buscando uma melhor qualificação, seja ela formação interna, treinamento ou até uso de formação externa, seja nível técnico ou superior, para operar equipamentos que têm um valor econômico importante”.
Outro ponto destacado é a viabilidade econômica dos implementos, como a plantadora, em relação ao tamanho da propriedade. Muitos pequenos produtores realizam apenas parte da operação agrícola, deixando a colheita sob responsabilidade da usina para a qual entregam a cana. A introdução do plantio mecanizado pode ocorrer de três maneiras: a própria usina planta para os produtores, prestadores de serviço são contratados ou utilizam-se máquinas de pequeno porte.
O Gerente de Operações comenta que muitos produtores estão buscando plantadoras no mercado para atender à demanda, atuando fortemente na prestação de serviços, o que facilita a viabilização do custo de introdução dessa tecnologia. A mecanização não se resume à aquisição de uma plantadora; é necessário entender o sistema e seguir etapas específicas até o plantio. Um dos principais desafios é a colheita de mudas, que ainda apresenta baixa qualidade devido à ausência de colhedoras específicas para essa finalidade.
Merquisson destaca que, embora haja diferentes fabricantes e modelos de plantadoras, problemas comuns incluem alto consumo de mudas, falhas na plantação e falta de paralelismo. Esses problemas têm sido minimizados com os avanços tecnológicos nas plantadoras. Ele ressalva que “tecnologia não é somente a utilização de eletrônica e software, a mecânica necessita acompanhar toda essa evolução”. Todos os dispositivos precisam estar alinhados com as funcionalidades desejadas, e é difícil transformar significativamente um equipamento antigo apenas com a adição de uma nova tecnologia.
Por fim, o Gerente de Operações sublinha as oportunidades de melhoria em equipamentos e processos, seja para expandir os limites operacionais das plantadoras, melhorar o plantio em bordaduras ou pensar em micro renovação planejada com máquinas que possam realizar replantios eficientes em larga escala após a colheita, aumentando a longevidade dos canaviais.
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Fonte: Revista Opinião